sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Máquina de escrever

Ganhei uma máquina de escrever do meu namorado a alguns dias, e hoje fiz meu primeiro texto de "verdade".
Vejam no que deu:

"Quando voam as borboletas

Por Nayara Demarchi

Capitulo I

Não sei o que escrever. Acho que isso é tudo.
É engraçado como histórias chegam em momentos inoportunos, como quando você está tentando dormir, ou quando está no banho, ou quando não tem onde escrever, ou com o que escrever. Mas agora, sentada aqui, as ideias não me vem à mente. Como eu detesto isso. Um dos meus gatos se encontra dormindo na bolsa da máquina, e eu não dou 5 minutos pra minha mãe me mandar parar com a barulheira. Preciso de ideias. Preciso parar de andar pela casa como se isso fosse resolver os meus problemas. Preciso de café. Ou não. Isso é como um paradoxo, mas eu não queria usar essa palavra. É quase impossível olhar para uma pessoa e não envolvê-la em uma trama mental que acabe em: um romance, ou uma morte, ou uma caçada interminável por bandidos, ou ambos com pares de asas sobrevoando o Central Park/ 5th Avenue/ Parlamento/ Avenida Paulista. Ou, até mesmo, tudo isso junto.
O engraçado, contudo, o mais irritante, é que as histórias sempre têm o mesmo começo. É como se fosse algo irrevogável, mesmo estando tênue na minha memória o significado dessa palavra. Isso não tem simetria alguma. É um texto desconexo sobre fatos e opiniões um tanto quanto irrelevantes que nada tem a ver com o titulo.
Minha mãe não me mandou parar com o barulho."

Obs.: Pra quem não sabe, máquinas de escrever fazem muito barulho com os botões, pois se tem que apertar os botões muito forte.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Outra vez

Eu já não sei de nada. A respeito de ninguém. As pessoas mudam demais pra eu conseguir acompanhar. Ou talvez sempre tenham sido assim, eu que não vi, ou não quis ver.
Você faz coisas pelos outros sua vida toda, e raramente recebe algo em troca. E então você diz "cansei, não quero mais" e acha que vai parar. Mas você não para, você continua lá, com cara de imbecil, dando chances para todo mundo, ajudando todo mundo, e ouvindo problemas de todo mundo. E então você volta a se decepcionar com essas pessoas. E então você também as decepciona, e depois se sente mal por isso. E isso nunca acaba, porque você sempre volta atrás. E então você chora e diz que quer sumir, porque nada dá certo, porque você não tem amigos de verdade, porque você ouviu todo mundo, mas ninguém quis te ouvir. Ninguém. Silêncio.
E então você começa a procurar alguém que você acha que possa te ouvir e te entender. Aconselhar-te. Um amigo. Mas você não encontra ninguém, e desiste. Então você acha que nunca vai encontrar alguém, mesmo com aquela pontinha de esperança.
Você fica a observar as pessoas na rua, no ônibus, em qualquer lugar. E fica pensando "e se..." e não faz nada.
Você fica com dó de uma pessoa nova em algum lugar, que está sozinha, e decidi virar amigo dela. E então vem a mesma decepção, e você passa por tudo aquilo novamente. E mais uma vez. E mais uma. Outra. Novamente. Nunca acaba.
Então seus problemas, seus complexos, e até suas boas novas ficam só pra você outra vez.
E é ai que você pensa que nasceu pra isso.